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Mas Tens Autonomia

Paulo Wenderson Teixeira Moraes

04/2017

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F7M Em/B

Lâmina arranca o mal de mim

F7M Em/B

Morte e vida serafim

 

Am                G            F9

Estou aqui,  Deitada, Amordaçada

E7             E4 E7

Sê breve, depois quem sabe

E4 E7

Que eu me salve

 

Am                       G            F9

Deixa pra mim,  O que restar

F9                     E7

Desta carne,   Mas espera

E4      E7

Um minuto aguarda

E4 E7

Eu seguro para que tu partas

 

Am                          G

Quando me olhas, Me dilaceras

F9                       E7

Só sou pedaços, Do que antes era

E4 E7

Arrancaste a esfera

E4 E7

A bela e a fera

 

Am               G

E depois,   Será sem fim

F9 E7

A cicatriz que me deixaste

E4 E7

A maçã que me roubaste

E4 E7

Só, em lençol carmesim

 

Am            G

Vê bem, Dentro do olho

F9                    E7

Tem a boca   A devorar

E4 E7

Isto não podes me tirar

E4 E7

Sou carne, mas sei falar

E4 E7

Encontre o belo no ar

E4 E7

A poesia libertar

E4 E7

Autonomia pra voar

E4 E7

Mas tens autonomia.

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Bom dia, Bom domingo.

 

Domingo no parque, D. na praia, D. em casa. Em qualquer lugar, o domingo pode guardar uma música para clarear. Basta com um clique despertar o que está no ar. A onda melodia irá te levar. Hoje, “vou te contar o que os olhos já não podem ver, coisas que só o coração pode entender...”. Vou te contar a história da música ​"Mas Tens Autonomia" que surgiu em abril de 2017, inspirada no capítulo "Duas Narrativas de Mastectomia: Beleza Integridade do corpo.", do livro "A face do Amor: a questão da beleza e a libertação da mulher", de Ellen Zetzel Lambert.

A questão da beleza e da aparência física é um tema fascinante de estudo que capturou a atenção de Lambert a tal ponto que ela precisou escrever um livro para desaguar tantas memórias e emoções que ligaram a sua própria vida a de muitas escritoras que enfrentaram o olhar dominador do universo masculino. Um feminista convicta, mas ela não estava tão convicta: ainda sentia os arrepios de ser olhada e desejada por seu marido. Até descobrir que é maravilhoso ser objeto de amor da pessoa amada. O que é ruim é ser só objeto do desejo masculino que não acessa o que a mulher tem para falar, a beleza interior.

No capítulo 6, ela relata a história da escritora Fanny Burns que foi submetida a uma brutal mastectomia sem anestesia, no século XIX. Ela se identificou com essa experiência, tendo em vista passou também por uma mastectomia. O que libertou essas mulheres do seu medo de perder a aparência feminina que compreende um seio por debaixo das roupas? A autonomia para voar!!! Pela literatura, elas se libertaram e reencontraram o amor que as torna tão belas.

"Mas tens autonomia" narra essa luta pela libertação feminina sem sufocar a beleza inerente ao amor, fazendo a síntese entre o que vem de dentro e o que aparece por fora. Por isso, a poesia liberta!!

LAMBERT, E. Z. A face do amor: a questão da beleza e a libertação da mulher. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1996.

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