A REDENÇÃO
Nos últimos suspiros, embaixo de uma árvore frondosa, o lobo-cordeiro se despediu como uma alma bondosa:
- Porquinho, atenda ao meu último pedido. Toda a minha jornada teve um único motivo, para que dos meus conflitos eu encontrasse alívio. Dei um passo na direção da Paz e do Amor. Então lhe peço um favor: comece a sua viagem sem temor. Vá em busca de seus irmãos Zaza e Cris, esse é o meu clamor. Com bom humor, abra o seu coração e venha em busca da auto-realização.
- Não morra ainda, estou muito confuso. Sei que da riqueza fiz mal uso e com o poder cometi abuso. Salvou a minha vida, mesmo sendo eu tão obtuso. Tenho uma dívida impagável. Eu nunca pensei que fosse possível uma atitude tão louvável. Eu vivia num mundo inflexível, onde o amor ao próximo era impraticável. Onde o porco era o lobo do próprio porco e todo animal se encontrava vunerável. Tenho muito a aprender, seu lobo, o seu exemplo é admirável.
- Apenas atenda ao meu pedido! A compreensão vem com a caminhada. A fé não te deixará perdido, siga firme na estrada! Graças a Deus, consegui morrer em paz! A passagem é mais fácil quando o bem se faz. Agora vá, porquinho, sei que você é capaz.
O porquinho assentiu com a cabeça. Nas despedidas, o sentimento faz com que a luz resplandeça. Na primavera, a chuva de pétalas faz com que uma nova era aconteça. O espírito do lobo-cordeiro teve a experiência de uma vida verdadeira, daquelas que fazem com que o bem prevaleça. Lú preparou sua mochila. Colocou o pé na estrada. Passou por muitas vilas, aprendeu a apreciar a alvorada. Uma força nunca sentida antes inundou-o de emoção. Sua memória estava despertando junto com a intuição. O sentimento o impulsionava para a verdade, para um tempo de união, em que todos compartilham as suas dádivas com o irmão. Então ele teve uma visão: “muitas pontes devem religar os reinos, através de uma magnífica construção. Além da ponte que entre as margens faz a ligação, outra maravilhosa obra será construir uma conexão de um a outro coração”.
Imaginando os três corações conectados, Lú persistiu até reencontrar e reconhecer os porquinhos amados. Por um dia, Lú, Zaza e Cris reviveram o tempo em que os Reis Lutero, Mozart e Krishna, na Índia, estavam encarnados. Renasceu uma árvore na face da terra da união desses três afortunados. A sombra dessa árvore guarda os mistérios da auto-realização. Ao meditar sobre suas raízes, é possível sentir uma nova civilização. E ao provar de seus frutos, reencontra-se com o amor e a perfeição. O nome dessa árvore é Yoga! Cuide dela com a própria mão e fique são.
Mas é preciso ter paciência, pois a jornada é interior. Os três porquinhos da Índia apenas reacenderam a chama da esperança e do amor. Em meditação nesta árvore, eles irradiam para toda a humanidade as seguintes palavras de louvor: