A GUERRA E A FOME DO LOBO
Mas os Reis cumpriram a missão que tinham aqui na terra e entraram em sono profundo. Como diz o povo leigo: “viraram defunto”. Então o povo descuidou da união que havia entre os reinos. Muitos começaram a trabalhar somente para si e tornaram-se alheios. A sabedoria, que era de todos, tornou-se de ninguém, só restaram os devaneios. As cidades ficaram sem os freios.
A sabedoria é como um bolo que tem vários ingredientes. Cada ser é de um tipo diferente. Quando são misturados de forma coerente, formam um todo surpreendente, mas isolados não prestam para a gente. Em farinha pura normalmente não se põe o dente. Sem bolo para repartir, começaram a existir os mais fracos e os mais ricos, os mais pobres e os mais fortes, o mais burro e o mais bonito, o mais feio e o mais inteligente. Até a ponte, construída arduamente para cruzar o rio Ganges, se destruiu lamentavelmente, sobrando apenas palafitas sobre os mangues. Isoladas e fracas restaram as pequenas cidades, afetadas e caóticas ficaram as comunidades. Nem no campo ou na roça se tinha tranquilidade. Em canto algum havia liberdade.
Uns ficaram com o ouro da matéria e outros ficaram com o ouro da pilhéria. Quem muito se aproveitou da situação foram os lobos, pois passaram a ter comida farta e fácil, explorando a alheia miséria!
- Olá, eu sou o lobo. Eu adoro comer uma bistequinha! Olha só ali na frente, andando toda mansinha. Na varanda de madeira daquela casinha, tem uma porquinha. Mas espera aí, não é uma porca comum. Acho que é uma porquinha da Índia, bem menor que um jerimum! De qualquer forma, será de boa serventia. Mesmo sendo pequena, ela tem sua valia.